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ETARISMO: O PRECONCEITO CONTRA QUEM É SÊNIOR

etarismo

Cada vez mais a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando. Hoje, está em 76 anos. Mas o etarismo, que é o preconceito contra pessoas mais velhas, também está em alta.

Sobretudo, uma população mais velha representa uma mudança importante na sociedade e, também, no mercado de trabalho. Ainda mais, considerando que o tempo de serviço para se aposentar aumentou e que muitos aposentados precisam continuar trabalhando para complementar sua renda.

Velhos demais para trabalhar?

Porém, o que se tem visto é que o trabalhador mais velho tem encontrado dificuldade de conseguir emprego. Isso ocorre principalmente em razão do preconceito contra quem já passou dos 50 anos, chamado de discriminação etária ou etarismo.

Com efeito, o etarismo, também conhecido como ageísmo, é toda forma de preconceito e discriminação com base na idade.

Em outras palavras, criou-se entre nós o estereótipo de um trabalhador que não estaria preparado para o atual mercado de trabalho. Isso porque, em princípio, o mercado exige conhecimento tecnológico e capacidade de trabalhar com dinâmicas rápidas e intensas.

Inegavelmente, as exigências profissionais vêm mudando em razão das inovações na maneira de trabalhar e na forma moderna de conduzir os negócios.  Isso demanda a busca por profissionais que estejam mais qualificados do ponto de vista técnico e comportamental.

Mas o profissional com mais de 50 anos também é competitivo no mercado de trabalho. 

De fato, ele tem plena capacidade de se atualizar quanto às novidades tecnológicas e os novos métodos de execução das tarefas profissionais.

Etarismo é ilegal

Entretanto, mesmo para quem é qualificado, o preconceito existe. Embora competitivo em razão da experiência adquirida ao longo da vida profissional, o trabalhador com mais de 50 anos, perde a oportunidade de um novo emprego, por causa da idade. 

Nesse sentido, o etarismo está presente de forma velada. Existem empresas que colocam a idade como pré-requisito no processo de seleção, o que é uma atitude ilegal e discriminatória.

O preconceito ou etarismo está na ideia absolutamente equivocada de que gerações mais antigas seriam incapazes de acompanhar a evolução tecnológica.

Como resultado, aumenta o desemprego entre as pessoas a partir dos 50 anos, deixando claro o preconceito e provocando conflito entre as gerações.

Etarismo nas artes e na mídia

No entanto, nem no mundo artístico os mais velhos escapam do etarismo.  Em entrevista a Jimmy Fallon, no programa americano “The Night Show”, a cantora Madonna fez um desabafo. Ela falou sobre o preconceito que muitas mulheres mais velhas sofrem por quererem viver a vida da maneira que desejam. Às vésperas de completar 64 anos, a cantora denunciou o etarismo que sofre. E destacou algumas frases mais comuns ouvidas pelo público feminino, principalmente após os 50.

Em outro caso, viralizou na mídia a notícia de um ex-empregado do Nubank demitido por ser “sênior demais”. Ele disse que o banco o despediu por não encontrar outros desafios ou projetos para o cargo em que ele atuava. Ou seja, o etarismo foi evidente.

Segundo o ex-empregado, o Nubank o manteve contratado enquanto a contratação era conveniente para aumentar os números de D&I (diversidade e inclusão) da empresa. 

Além disso, ele se queixou da maneira como foi comunicado e tratado na hora da despedida. “Pra quem sequer apertou direito minha mão no momento do encerramento do contrato, teria sido mais decente ter me desligado pela webcam”, lamentou.

Etarismo deve ser combatido

Acima de tudo, o assunto é preocupante e demanda um sério debate da sociedade a respeito. Não se pode aceitar no mercado de trabalho atitudes discriminatórias e preconceituosas, como o etarismo.

Em princípio, o preconceito é uma opinião preconcebida sobre determinado grupo ou pessoa, sem qualquer informação ou razão. E a discriminação é a ação baseada no preconceito ou racismo, em que alguém recebe tratamento injusto apenas por pertencer a um grupo diferente.

Por outro lado, as empresas devem valorizar a diversidade e a inclusão, sem etarismo ou preconceitos de qualquer espécie. 

Nesse sentido, quem opta por profissionais mais velhos e navega contra o etarismo não se arrepende. Matéria publicada no Estadão do dia 21 de agosto, destacou exatamente as habilidades dos empregados acimas dos 50. Entre elas, estão o comprometimento, a inteligência emocional e a experiência. Além disso, os 50+ garantem rotatividade menor e engajamento maior para as empresas.

Sem dúvida, o etarismo, assim como todo o preconceito e a discriminação devem ser combatidos e repudiados em busca de uma sociedade mais justa e produtiva. Isso vale para a vida e para as empresas. Assim, elas retêm talentos e favorecem a atração de candidatos mais qualificados e compatíveis com a cultura do empreendimento, resultando no sucesso do negócio.

*Sócio do De Bellis Advogados Associados. Especialista em Direito do Trabalho. 

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