A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública internacional provocada pelo Covid, no início de maio. Mas isso não significou o fim da Covid, nem de suas consequências. Uma delas ocorre justamente no ambiente profissional.
Desde 2022, a Síndrome de Burnout, provocada pelo stress no trabalho, passou a ser incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS. No entanto, isso não representou sua redução. Ao contrário. Os casos de Burnout só aumentam. No Brasil, 1 a cada 4 pessoas sofre de Burnout.
Retorno presencial e stress no trabalho
Segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association), a maioria dos brasileiros (69%) está estressada por causa do trabalho. E a situação já pode ser percebida como uma nova pandemia. O tema será abordado no 23º Congresso de Stress e QVT da ISMA-BR, que ocorre de 20 a 22 de junho, em Porto Alegre.
Entre os fatores para o aumento do stress no trabalho, o retorno ao esquema presencial é um dos destaques. Após a pandemia, muitos não querem mais retornar a esse sistema. Mas algumas empresas exigiram o retorno presencial, o que se tornou um fator de stress, insatisfação e pedidos de demissão.
O trabalho que adoece
Por outro lado, a própria estrutura de trabalho está causando stress e, com isso, diminuindo a produtividade e levando ao adoecimento. O alerta é da psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, uma das maiores autoridades do assunto no Brasil e no mundo. E as demissões em massa, que ocorrem desde o ano passado, só aumentam o clima de tensão.
Com mais stress no trabalho, sofrem empregados e empregadores. Nesse sentido, a busca de soluções é coletiva. O objetivo é trazer saúde ao ambiente profissional, o que representa mais produtividade e melhores resultados para as empresas.
O papel do empregado na prevenção do stress
No caso de stress no trabalho, a prevenção é uma missão coletiva, que envolve empresa e empregado. Para isso, vale estar atento ao trinômio: exercício físico, alimentação e saúde mental. Afinal, adotar um estilo de vida saudável é um compromisso de cada um, inclusive, dos empregados.
Além disso, outra medida para prevenir o stress no trabalho é a socialização. Uma pesquisa mostrou que socializar com colegas no trabalho é uma maneira infalível para melhorar o humor. Publicado no Journal of Anxiety Disorders, o estudo aponta que os tratamentos para transtorno de ansiedade devem se concentrar em incentivar o envolvimento social.
Empresa é exemplo de prevenção do stress no trabalho
Um dos exemplos de cuidado com a saúde mental dos trabalhadores está na empresa Mconf Tecnologia, de Porto Alegre. Durante a pandemia, a empresa cresceu, mas não deixou de cuidar da saúde de seus colaboradores.
Como parte das ações, a Mconf contratou uma psicóloga, que passou a atender os empregados individualmente. Na época, relatos de ansiedade e até mesmo de pânico eram comuns.
Além disso, a empresa adotou diversas ações, como um chat interno para que os empregados divulgassem assuntos de seu interesse. Essa interação acabava servindo como válvula de escape.
Nesse sentido, também foi criada uma rotina em que o CEO da empresa abria sua sala semanalmente para conversar com os colaboradores sobre qualquer assunto. Também passaram a promover palestras sobre temas de interesse para a equipe.
Menos stress no trabalho, menos custos
No caso, a cultura dessa empresa possibilitou um ambiente de menos stress no trabalho.
Na prática, o exemplo mostrou que não é preciso realizar grandes ações para promover a saúde no trabalho. Ou seja, não é preciso realizar investimentos significativos para prevenir o stress ocupacional. A ideia é motivar os empregados a também cuidarem de sua qualidade de vida. Nesse sentido, iniciativas como a promoção de encontros, de palestras e incentivo à prática de atividade física podem ser importantes aliados.
Diante da possibilidade de insatisfação profissional, absenteísmo e queda da produtividade, prevenir o stress é melhor do que remediar.
